Publicado em 24 agosto de 2016 às 15:45

“Desafios e contribuições da Psicologia na educação em tempos de escola sem partido, sem gênero e sem sexualidade”, foi o tema da mesa redonda que aconteceu na noite desta segunda-feira (22), no CRP-03. O evento faz parte das comemorações pelo Dia da/o Psicóloga/o, que acontecem em toda Bahia. Durante o debate, foram discutidos temas relativos à neutralidade da/o professora/r em sala de aula, com vistas ao Projeto de Lei 193/2016. O PL inclui entre as diretrizes e bases da educação nacional, o programa Escola sem Partido.
Participaram da mesa, Lygia Viegas, Doutora em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano; Tito Carvalhal, estudante de Pedagogia e membro do Núcleo Bahia do IBRAT – Instituto Brasileiro de Transmasculinidades; Maíra Mano, Doutora em Ciências Sociais e professora do Departamento de Estudos de Gênero e Feminismo da UFBA e Ariane Rocha, doutoranda em Educação, membro do Fórum Sobre Medicalização da Educação.
Em sua fala, a psicóloga Ariane Rocha questionou a neutralidade que o projeto pretende acionar e afirmou que não existe imparcialidade na ciência, nem no fazer da sala de aula. Ariane ainda lembrou o resultado da falta de discussão sobre determinados temas no ambiente escolar: “Quando não discutimos gênero na escola, reproduzimos visões dominantes. O bullying homofóbico também, tão presente nas escolas, traz conseqüências fatídicas, como o caso do adolescente espancado até a morte porque os pais eram gays”, contou a psicóloga.
Segundo Maíra Mano, o debate da Escola sem Partido na perspectiva de um estado laico, com destaque para o respeito, a pluralidade e diversidade de pensamento é um grande desafio. A palestrante trouxe experiências da sua tese de doutorado, produzida a partir de observações na bancada feminista no Congresso Nacional, para lembrar o espaço conservador em que o PL foi construído. “Estamos em um momento de retrocesso. Acredito que tivemos avanços, mas que estes foram mais no campo dos costumes, do que nas transformações estruturais. O ciclo conservador está posto e a religião passou a ser o centro da vida comunitária de muitas pessoas”, pontuou Maíra.
De maneira literária, Tito Carvalhal refletiu a respeito das suas experiências na sala de aula e como certas práticas excluem minorias. “Penso em como seria bom ter uma escola sem partido, onde pudéssemos construir projetos que servissem exclusivamente aos interesses da comunidade, sem precisarmos estar submetidos a programas eleitoreiros, sem compromisso algum com o processo educacional. Termos uma escola sem gênero, onde as crianças fossem tratadas como crianças e não adestradas, submetidas a um conjunto de regras. Meninos e meninas que pudessem brincar com princesas e carrinhos”, falou Tito.
A professora Lígia Vyegas chamou atenção para o efeito do silenciamento da/os professoras/es: “Esse projeto tenta silenciar a palavra da/o professora/r e a ação da/o aluna/o, no momento em que as/os estudantes estão mobilizadas/os para ocupar a escola, o que significa, desejar estar na escola. Um PL que ameaça e persegue professoras/es e promove discursos de ódio é uma proposta que se sustenta na violência. Isso só vai causar medo nas pessoas de pensarem diferente do que é imposto”.
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