Publicado em 13 dezembro de 2022 às 03:13

Por uma Psicologia ampliada e política: da clínica aos diversos serviços pelos quais as políticas públicas possam, em sua integralidade, compreender e atender sujeitos e populações. Essa foi uma avaliação coletiva feita por palestrantes e o público no seminário “(Re)construindo a Psicologia e a Democracia na atualidade”, realizado pelo Conselho Regional de Psicologia da Bahia (CRP-03) na noite desta segunda-feira (12). O evento ocorreu em formato online, com transmissão pelo canal da autarquia no YouTube. Iniciativa da Comissão de Direitos Humanos (CDH) do CRP-03, o seminário também lembrou o Dia Internacional dos Direitos Humanos, 10 de dezembro.
Representante da CDH e mediadora dos diálogos, a psicóloga Edna Abadia (CRP-03/13485) frisou que, embora traga à memória os 74 anos de Declaração Universal dos Direitos Humanos, promulgada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1948, o evento também objetivou pautar temas atuais. A pandemia de Covid-19 e o contexto político no Brasil catalisam transgressões aos direitos humanos. Mas, foi possível discutir “o aumento de práticas e discursos de ódio, violências diversas naturezas, como sexismo, racismo, aparofobia, capacitismo, intolerância religiosa, xenofobia, lgbtfobia, gerontofobia, entre outros processos de opressões”, como apontou Edna Abadia. Assim, mesmo correlacionadas, analisar as especificidades das violências é fundamental.
Vanina Miranda contou que atuou profissionalmente a partir de diversas modalidades de transgressão aos direitos humanos; contudo, desde o início, observou a quantidade e a complexidade dos casos de violência às mulheres. “Percebendo essa intensidade, essa demanda muito alta, foi que eu me vi impelida a aprofundar mais nos estudos para entender como, de fato, a Psicologia se posiciona perante essa situação de violência”, explicou a psicóloga (CRP-03/3228) em relação ao tema e suas motivações de pesquisa ao longo do Mestrado em Estudos de Gênero, Mulheres e Femininismos, pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Então, defendeu a necessidade de compreender esse grave problema social a partir da formação profissional de psicólogas/os.
Para Clausivanhe Silva, é importante se reconhecer como sujeita/o no “fazer Psicologia”. A psicóloga (CRP-03/11486) expôs sobre “Pessoas com Deficiências e o Mundo do Trabalho”. Em um primeiro momento, relatou algumas experiências ao longo de sua trajetória pessoal e profissional em que fora julgada por estereótipos capacitistas. Entretanto, ratificou a premência de as/os profissionais com deficiência ocuparem espaços políticos de representação pela categoria, enquanto condição de possibilidades para a ruptura dos ciclos de violência que elencou. E destacou que é imprescindível interpretar contextualmente o que prevê as leis antipacitistas, mas também superar a reprodução de valores que ainda sustentam a discriminação social no cotidiano.
Nessa linha, “os direitos humanos oferecem um horizonte ético para nortear a atuação profissional”, salientou Elias Mascarenhas (CRP-03/14821) em sua apresentação. A psicologia clínica é um dos espaços onde o acolhimento aos sujeitos acometidos pelas múltiplas violências encontram respaldo no Código de Ética da/o Psicóloga/o. Todavia, nem sempre instituições e profissionais estarão sensíveis às negligências aos direitos humanos – em alguns contextos, podem até reforçar processos de vulnerabilização que se retroalimentam conforme orientações políticas e ideológicas diversas. Mascarenhas sinalizou a perspectiva da “clínica ampliada”, por meio da qual o Estado e a sociedade civil podem colaborar intersetorialmente pela garantia da dignidade humana e à vida.
Assista à transmissão de todo o evento clicando abaixo.
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