Publicado em 31 maio de 2017 às 21:26
Carta de Salvador
No dia 05 de Maio de 2017, em Salvador/Bahia, os participantes do I Seminário de Psicologia e Relações Étnico-Raciais da Bahia, promovido pelo Conselho Regional de Psicologia 3ª Região, durante a plenária de encerramento do evento, redigiram está carta direcionada as Faculdades de Psicologia, o Sistema Conselhos e Entidades de Psicologia e aos(as) psicólogos(as), contendo as recomendações para formação e atuação em psicologia no âmbito das relações étnico-raciais que seguem:
Recomendações para as instituições de ensino em Psicologia:
– Ampliar o escopo dos conteúdos ministrados nas disciplinas de graduação e pós-graduação que tratam da história da psicologia no Brasil, de modo a explicitar a relevância das relações étnico-raciais, enquanto objeto de estudo, na configuração e consolidação dessa ciência no país.
– Incluir nas disciplinas ministradas nos cursos de graduação e pós-graduação em psicologia, referenciais teórico-conceituais de epistemologias africanas, ameríndias e afro-brasileiras que contribuam para compreensão dos condicionantes e dinâmicas das relações indivíduo x grupo na sociedade brasileira.
– Estimular pesquisas e a produção de conhecimentos acerca dos efeitos do racismo (preconceito, discriminação e humilhação social) sobre a saúde mental, em especial, das populações negra e indígena.
– Incluir nas disciplinas ministradas nos cursos de graduação e pós-graduação em psicologia, as experiências e conhecimentos derivados do combate ao preconceito e discriminação e das lutas por reconhecimento de direitos de movimentos sociais (negro, mulheres, indígenas, LGBT, população em situação de rua, usuários de serviços públicos de saúde mental, dentre outros).
– Desenvolver estratégias didáticas e um instrumental técnico-conceitual, como, por exemplo, dinâmicas de grupo, círculos restaurativos, dramatizações, que favoreçam a produção de letramento étnico-racial (gramática para o diálogo sobre o tema) e que permitam abordar de forma interseccional as relações étnico-raciais, incluindo sua interface com outros marcadores sociais das diferenças e desigualdades, como gênero, classe social, sexualidade, religiosidade e povos tradicionais.
– Oferecer estágios curriculares obrigatórios e supervisão para estágios extracurriculares, durante a graduação, que permitam aos estudantes de psicologia vivenciar e adquirir experiência no tema das relações étnico-raciais, sensibilizando-os para o acolhimento e atendimento do sofrimento provocado pelos efeitos do racismo.
– Fomentar e incentivar a formação de professores de psicologia no tema das relações étnico-raciais para atuação em diversos contextos de ensino e pesquisa.
Recomendações para o Sistema Conselhos e Entidades de Psicologia, em especial para as Entidades vinculadas ao FENPB (Fórum de Entidades Nacionais da Psicologia Brasileira):
– Promover, por meio de eventos e ações de advocay, a articulação entre instituições de ensino superior, serviços públicos, movimentos sociais e organizações da sociedade civil, com vistas a fortalecer e aprofundar o conhecimento, o diálogo e a atuação dos(as) psicólogos(as) no âmbito das relações étnico-raciais.
– Elaborar e produzir materiais de IEC (Informação, Educação, Comunicação) sobre as relações étnico-raciais que contribuam para aprimorar e ampliar a atuação dos(as) psicólogo(as) no tema.
– Fomentar a inclusão de temas afins as relações étnico-raciais, como por exemplo, racismo, preconceito, discriminação e humilhação social em documentos de referências técnicas e nos conteúdos dos editais de concursos de ingressos de psicólogos(as) nos serviços públicos.
– Apoiar e fortalecer as ações da Articulação Nacional de Psicólogos(as) Negros(as) e Pesquisadores(as) das Relações Étnico-Raciais – ANPSINEP, com vistas a estruturação e consolidação de Núcleos Regionais e Estaduais dessa organização em todas as unidades da Federação brasileira.
Recomendações para os(as) psicólogos(as):
– Os(as) psicólogos(as) em suas diversas áreas de atuação devem promover a igualdade étnico-racial e desenvolver uma postura pró-ativa no combate ao racismo e seus efeitos (preconceito, discriminação e humilhação social).
– Os(as) psicólogos(as) em suas diversas áreas de atuação devem acolher e ajudar a significar as experiências de sofrimento produzidas pelos efeitos do racismo (preconceito, discriminação e humilhação social).
– Os(as) psicólogos(as) em suas diversas áreas de atuação devem oferecer assistência psicossocial para os familiares, parentes e amigos das vítimas do genocídio das populações negras e indígenas em curso no país desde o período da colonização.
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