Por uma Psicologia antirracista: CRP-03 apresenta Comissão de Psicologia e Relações Raciais

Publicado em 16 janeiro de 2023 às 13:14

A Comissão de Psicologia e Relações Raciais (COMPRR) foi apresentada na última sexta-feira (13), em evento que reuniu psicólogas/os/es na sede do Conselho Regional de Psicologia da Bahia (CRP-03), em Salvador. Anteriormente vinculada à Comissão de Direitos Humanos (CDH) e agora instituída como comissão permanente, COMPRR é um marco para a categoria e à sociedade civil baiana. De acordo com a diretora da CRP-03, Catiana Nogueira, a criação da COMPC atende ao que prevê o XI Congresso Nacional de Psicologia (CNP). “Primeiro, passa por um processo de aprovação, via [conselho] regional, e depois a criação dessa comissão passa por uma tramitação para que ela possa ser levada ao Conselho Federal de Psicologia [CFP] e seja considerada permanente, no sentido de aprovação pelo nosso regimento interno”, explica a diretora.

Para o coordenador da COMPRR, “essa comissão nascer se faz muito importante para que a gente amplie um diálogo que já é feito há muito tempo aqui no CRP-03, que é o debate sobre as relações raciais”. Ele salienta que há um “mito da democracia racial” construído socialmente “de que somos todos iguais, tratados da mesma forma”, quando o racismo ainda estrutura e é estruturado por relações sociais. Segundo Matheus Santana, uma comissão que atua especificamente a partir dessa realidade atravessada pelo racismo pode auxiliar o CRP-03 em ações de orientação e fiscalização para reversão desse quadro, que também impacta os ofícios da Psicologia. Para isso, a transversalidade de discursos e práticas antirracistas pode ser alinhada com outras comissões na luta contra a LGTBfobia, machismo, misoginia, capacitismo, entre outras opressões.

A representante da Articulação Nacional de Psicólogas/os Negras/os e Pesquisadoras/es (ANPSINEP), Andreia Oliveira, expôs sobre a atuação dessa entidade que, por meio de estudos e práticas, busca compreender esse atravessamento do racismo, amplamente na sociedade civil e, especificamente, pelo cotidiano de psicólogas/os, contribuindo cientifica e politicamente na luta antirracista. Representando o Grupo de Trabalho Psicologia e Relações Raciais (GTPRR), Iara Martins relatou que havia uma ausência de uma formação profissional crítica de psicólogas/os em vista do racismo no Brasil, mas sinalizou que há mudanças em curso ao longo dos últimos anos, destacando a atuação deste GT em Feira de Santana e região nos seus oito anos de trabalho. De acordo com a professora Dra. Jeane Tavares, as universidades precisam ampliar o debate antirracista.

Destacando o pioneirismo do CRP-03 em articular a luta antirracista entre os encontros e ações realizados junto ao CFP e demais organizações da sociedade civil, Valter da Mata Filho frisou que a atuação institucional representativa dos psicólogos também tem sido fundamental. A conselheira do CFP, Alessandra de Almeida, enfatizou que é preciso romper com uma naturalização de negligência ao racismo a partir da atuação de psicólogas/os; “é uma tarefa nossa promover outras formas de cuidado”.

E os efeitos de discursos e práticas antirracistas já podem ser per percebidos também, amplamente, na formação cidadã, como sugere a pedagoga Jhay Lopes [Jaiaci Lopes – nome indigenista], que participou do evento. “A gente vem ainda de uma Educação racista. A Psicologia vai nos trazer um acolhimento desses corpos, dessas mentes, para podermos trabalhar melhor com nós mesmos, em termos de nos acolhermos, e acolhermos a todos os outras/os/es, principalmente pela Educação”. Para a coordenadora da Comissão de Direitos Humanos (CDH), Itaynara Tuxá, a luta antirracista é de todas/os/es; então, o exercício da alteridade e solidariedade é imprescindível.    

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