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Em mesa redonda na quinta-feira (27) Semana Psi reafirma que a cura gay não tem vez na Bahia

Publicado em 02 setembro de 2015 às 18:24

Em mesa redonda na quinta-feira (27) Semana Psi reafirma que a cura gay não tem vez na Bahia

Debate qualificado, reflexivo, com público atendo e participativo. As/Os profissionais da Psicologia e estudantes que compareceram, na quinta-feira (27), ao penúltimo dia da Semana Psi 2015, em Salvador, não se decepcionaram. A mesa redonda “Na Bahia a Psicologia tem certeza, a cura gay não tem vez” contou com a participação da psicóloga Tatiana Lionço (CRP 01/7615-1) – doutora e professora substituta UNB e Conselheira do CRP-01, de Brasília; e o antropólogo Rui Harayama – da Secretaria Executiva Nacional do Fórum sobre Medicalização da Educação e da Sociedade – RJ. A mediação do debate foi feita pelo representante da Autarquia, Diogo Sousa. Na mesma noite de quinta-feira o CRP-03 também realizou atividades da Semana Psi em Itabuna, Santo Antônio de Jesus e Vitória da Conquista.

A Professora da UNB, Tatiana Lionço, iniciou sua fala situando a Psicologia como profissão, a partir de 1962, e sua responsabilidade com o Estado e com a sociedade desde então. Ressaltou que o Código de Ética do Profissional Psicólogo versa sobre o compromisso da profissão com o direito à diversidade religiosa e cultural, a garantia do exercício do Estado Laico, bem como a defesa intransigente do direito a diversidade afetiva e sexual. Ao situar a Psicologia, tendo como referência o CEPP, Tatiana enfatizou que o exercício democrático é o exercício do diálogo e da dissidência, portanto, o fazer psicológico se ancora neste princípio na defesa dos direitos humanos. E que, portanto, o discurso da proposta da Cura Gay é contrário ao princípio fundante da democracia e da livre expressão, patologiza formas de expressão humanas, e está calcado numa perspectiva atravessada por determinada concepção de homem, de sexualidade e de moralidade, influenciada por valores hegemônicos. Marcou em sua fala, que a defesa deste Projeto de Lei e outras iniciativas consideradas conservadoras, tem sido sustentada por um discurso fundamentalista religioso, que contraria o princípio da democracia e da laicidade do Estado.

Tatiane Lionço ainda direcionou parte de sua fala para a análise da Resolução 01/99, do Conselho Federal de Psicologia. O texto versa sobre as normas de atuação para as/os psicólogas/os em relação à questão da orientação sexual. Para a Conselheira do RCP-01 a resolução foi um avanço em defesa dos direitos humanos, pois defende a não patologização da sexualidade. “A norma vai ao encontro do livre desenvolvimento, sem cercear a liberdade sexual de todo e qualquer ser humano”, explica. Para Tatiana, a Psicologia continua avançando no debate. Em 2013, uma norma técnica foi elaborada para orientar os profissionais sobre o debate e a despatologização da transexualidade.

Apesar dos avanços da profissão, a Conselheira ressaltou com preocupação o movimento contrário às conquistas dos direitos humanos realizadas, sobretudo, pelas/os líderes dos movimentos fundamentalistas religiosos e outros setores conservadores da sociedade. São forças que tentam se colocar como superiores moralmente e se recusam à escuta e ao debate democrático. Além disso, atacam frontalmente à Psicologia, suas diretrizes e o exercício da profissão. “Não podemos aceitar o aviltamento contra nossas éticas normativas, finaliza.

Para contribuir ao debate, o antropólogo Rui Harayama, trouxe à discussão sua experiência de atuação junto ao Fórum sobre Medicalização da Educação e da Sociedade. O palestrante abordou, entre outros pontos, o perigo da patologização dos comportamentos e da medicalização da vida. Fez um alerta as/os psicólogas/os que acabam sendo operadores de uma lógica medicalizante, a exemplo do que acontece em procedimentos equivocados de acolhimento e adesão. Harayama contextualizou que a medicalização é um fenômeno social contemporâneo em que, de maneira equivocada, se desvia para o campo médico as causas e soluções para problemas, geralmente, de origem social e política. A questão traz como duas de suas consequências, o desrespeito e o preconceito à diversidades sexual e de comportamento.

Em sua exposição, como um dos caminhos no combate à medicalização, o antropólogo discorreu sobre a necessidade da valorização da Psicologia Social, tanto nos cursos de graduação quanto no exercício da profissão. “Vivemos em um mundo de respostas prontas. Precisamos ter escuta as/os outras/os, respeito às diversidades e incentivar a potencialização dos indivíduos e dos coletivos”, encerrou o antropólogo.

Na sexta-feira (28) a Semana Psi ofereceu, em Salvador, às 18h, a roda de conversa “Os impactos da contemporaneidade na mobilidade humana e no direito à cidade”, com as/os palestrantes Marlene Silva (CRP-03/1198) – Doutora em Psicologia pela Universidade São Francisco (SP); e Alessandra Almeida (CRP-03/3642) – Especialista em Psicologia de Trânsito, Cursando Pós-Graduação em Saúde Coletiva e Sociedade pelo IBPEX; e Amine Portugal – Arquiteta Urbanista (UFBA). A partir das 20h aconteceu o lançamento do novo site do CRP-03 e aconchegando Sarau musical. Na mesma noite o Conselho também teve eventos da Semana Psi em Feira de Santana e Itabuna. Já neste sábado (29), as atividades acontecem em Irecê, Santa Maria da Vitória e Feira de Santana.

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