– Minuta CREPOP –
Pesquisa com Psicólogas(os) que atuam em Serviços de Enfrentamento à Violência contra a Mulher
A pesquisa foi realizada em dois encontros presenciais: Reunião Específica e Grupo Fechado. Na reunião específica objetiva-se a discussão do Campo de Prática, enquanto no Grupo Fechado busca-se a produção de referências sobre o Núcleo da Prática(Atividades Especificas, Teorias e Conceitos dentre outros). Na ocasião da Reunião Especifica estiveram presentes 21 psicólogas(os), sendo 5 de Sergipe e 16 da Bahia. Já no Grupo Fechado, reuniram-se 15 profissionais, 11 da Bahia e 5 de Sergipe, representando serviços do interior e capital dos Estados.
A diversidade de serviços ligados a esta política foi garantida nos grupos. Dentre estes estavam presentes: DEAM, Casa Abrigo, Maternidades[1], Defensoria Pública, Centros de Referência especializados na temática de gênero (no caso da Bahia), Centros de Referências Especializados da Assistência Social (no caso de Sergipe), Ongs dentre outros.
a) Rede de Referência: em relação à rede de serviços dos estados de Bahia e Sergipe a equipe CREPOP encontrou os seguintes dados:
- Bahia: das 84 instituições localizadas compondo a rede de serviços, apenas 17 possuíam psicólogas(os) em seu quadro de funcionárias(os). Nestas foram encontradas(os) cerca de 27 psicólogas(os);
- Sergipe: das 22 instituições localizadas compondo a rede de serviços, apenas 11 têm psicólogas(os) em seu quadro de funcionárias(os).
Para a grande maioria das(os) profissionais presentes, a rede de referência de alguns municípios de maior porte conta com uma variedade significativa de serviços disponíveis, entretanto, nestes, existe pouca ou nenhuma articulação. Já nos municípios menores, existem poucas instituições e serviços voltados a esta temática e nenhuma articulação ou mesmo encaminhamentos entre estes.
b) Dificuldades dos serviços/ Condições de Trabalho:
- Condições de trabalho inadequadas, tais como: salas que não garantem o sigilo, falta de transporte para realização de visitas domiciliares e institucionais, rebatimentos subjetivos da violência sobre as(os) profissionais, baixos salários, dentre outras;
- Pouca transversalização da temática de gênero em outras políticas públicas e serviços;
- Revitimização das mulheres ao acessarem os serviços da rede e fora dela;
- Dificuldade de atuação da Saúde Mental;
- Rede de serviços incompleta e com pouca ou nenhuma articulação;
- Dificuldades de outras(os) profissionais dos serviços em trabalhar com a temática da violência de gênero;
- Falta de informação e divulgação da Lei Maria da Penha e das políticas e serviços de atenção às mulheres em situação de violência;
- Ausência de trabalhos e políticas públicas para atuação junto aos agressores.
c) Atividades Específicas/ Tecnologias de Intervenção
- Psicodiagnóstico;
- Entrevista de acolhimento;
- Atendimento familiar;
- Encaminhamento;
- Reunião com a rede;
- Reunião para discussão e estudos de casos;
- Relatórios internos;
- Acompanhamento em audiências;
- Reconciliação de casais;
- Visitas domiciliares para a reinserção da mulher no núcleo familiar;
- Intervenção comunitária com o objetivo de divulgar a Lei Mª da Penha;
- Oficinas temáticas e terapêuticas;
- Acompanhamento de cursos e oficinas profissionalizantes;
- Elaboração de instrumento de trabalho (não explicitado);
- Acompanhamento de grupo de “espiritualidade” (Pastoral da Mulher em Juazeiro/BA);
- Participação de grupos de estudos;
- Supervisão das ações de estagiário em psicologia.
- Atividades de Prevenção à Violência na comunidade
- Campanhas Públicas
d) Teorias: Gestalt-terapia; Psicologia Social; Psicologia Comunitária; Terapia familiar e Sistêmica; Psicanálise; Teorias da personalidade; Psicodrama; Sociologia; Educação; Antropologia; Direito; Filosofia; Teologia; Jung; Leituras Feministas; Política.
Conceitos: Violência; Gênero, Relações Sociais e Poder; Atenção Psicossocial; Políticas Pública para mulheres; Subjetividade; Resiliência; Abordagem Corporal; Empoderamento; Auto-estima;Lei Maria da Penha; Teoria dos papéis; Material com enfoque na Psicologia Holística.
e)Considerações Finais: para a equipe do CREPOP, alguns aspectos surgidos durante o diálogo merecem uma maior atenção, a fim de aprofundar a discussão acerca do atendimento a violência de gênero e com o objetivo de dar encaminhamento a algumas discussões políticas relevantes que se destacaram durante a pesquisa. São eles:
- Fomentar e ampliar o debate acerca da legalização do aborto;
- A inserção, no processo de formação do psicólogo, do conhecimento acerca da questão de gênero e poder, e violência;
- Discussão de políticas públicas voltada para o agressor
[1] Realizam aborto legal-caso que envolve violência sexual.