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Nota de Repúdio à banalização do sofrimento psíquico tratado pela novela “O outro lado do paraíso”

Publicado em 07 fevereiro de 2018 às 19:42

Nota de Repúdio à banalização do sofrimento psíquico tratado pela novela “O outro lado do paraíso”

Equívocos e embaraços no exercício do Coaching em relação à Psicologia: alerta à sociedade sobre cenas expostas em telenovela da Rede Globo

O Conselho Regional de Psicologia, Autarquia Federal criada pela Lei 5.766, de 20/12/1971, com a finalidade de orientar, disciplinar e fiscalizar o exercício da profissão de psicóloga/o e zelar pela fiel observância dos princípios éticos e disciplinares da classe, vem a público expor o que segue:

A categoria de psicólogas/os da Bahia e do Brasil como um todo, repudia a tratativa dada pela Rede Globo, em exibição de cenas da novela, apresentada às 21 horas – O Outro Lado do Paraíso – onde banaliza o sofrimento psíquico e o tratamento psicoterápico de uma personagem vítima de abuso sexual na infância. A telenovela acaba por conduzir a sociedade, a crença de que casos graves que envolvem questões emocionais complexas e delicadas, como o abuso sexual infantil, possam ser tratados através de técnicas de Coaching, por profissionais que não possuem formação na área de saúde mental. Em cenas da telenovela, são feitas afirmações que levam o público a entender que o exercício do Coaching se assemelha a uma “terapia” onde são utilizadas ferramentas rápidas por meio de conversas e exercícios, bem como do uso da hipnose, visando alcançar conteúdos de memórias pregressas e mesmo inconscientes, objetivando a descoberta de traumas e a cura de medos, no caso em questão, do “medo de sexo” que seria trazido pela personagem vítima de abuso sexual.

Enfatizamos e alertamos a sociedade a buscar profissionais devidamente qualificados para o exercício de suas funções e demarcamos que cabe às/aos psicólogas/os devidamente inscritas/os em Conselho de Psicologia, o uso de métodos e técnicas psicológicas visando o estudo e análise do comportamento humano, bem como, a intervenção nos fenômenos psíquicos, realizando diagnóstico psicológico e conduzindo, à luz de técnicas psicológicas reconhecidas pela profissão, o curso do tratamento psicoterápico.

Mesmo considerando que trata-se de uma obra de ficção, não é possível desconsiderar que informações veiculadas de forma equivocada, podem contribuir para desinformar a população acerca da gravidade de uma questão social, familiar, de saúde e da seriedade do seu cuidado. Concebendo a comunicação como um direito humano fundamental, a Rede Globo de Televisão, na condição de uma das maiores empresas televisivas do mundo, deve atentar para conteúdos em programas que são formadores de opinião e que distorcem as atribuições e o exercício legal de uma profissão.

Na oportunidade, divulgamos a carta encaminhada à Rede Globo, pelo Presidente da Sociedade Latino Americana de Coaching – SLAC, Sulivan França, datada de 18/01/2018, onde o mesmo se posiciona contra a forma equivocada como as técnicas e finalidades do Coaching já estavam sendo retratadas pela Telenovela, esbarrando no exercício legal da função de psicóloga/o.

Confira também comunicado enviado pela Sociedade Latino Americana de Coaching à Globo:

Comunicado completo da SLAC

“Gostaríamos de pedir a atenção em relação a um tema colocado de forma equivocada durante uma cena do capítulo da novela O Outro Lado do Paraíso, exibido na última quarta-feira (17 de janeiro). Na cena, a personagem Adriana (Julia Dalavia) explica técnicas que poderia utilizar para descobrir mais informações sobre a personagem Duda (Glória Pires). 

Na conversa, a personagem afirma ter feito “curso de coach” e diz ser “um método onde se estabelece uma relação com o cliente em função de um objetivo. Existem algumas técnicas para descobrir dados, motivações. Tudo em função de uma cura interna. A gente usa, inclusive, a hipnose”. 

Ainda que a novela seja uma obra de ficção, esse texto da personagem traz informações equivocadas sobre o coaching, seu real significado e aplicação. 

Ao falar que a personagem Adriana fez “curso de coach” já aparece o primeiro erro. Coach é o profissional que aplica o coaching e não a metodologia em si. No entanto, o principal problema está na afirmação de que o processo pode utilizar a hipnose. O maior desafio que temos hoje é justamente mostrar as diferenças para as pessoas entre coaching, psicologia, terapia, consultoria, programação neurolinguística e hipnose. Coaching é um processo de planejamento estratégico do indivíduo para que ele possa sair de onde está no presente e chegar aos objetivos que quer alcançar no futuro, sem falar, em momento algum, de passado ou utilizar qualquer técnica como a hipnose. Em nenhum momento está ligado ao passado. Trata-se de uma metodologia que trabalha o desenvolvimento pessoal e profissional de cada indivíduo. 

Tratar o coaching dessa maneira e associar a atividade à hipnose pode, em nossa opinião, induzir profissionais da área a atuar de maneira equivocada com psicologia. Além de ilegal, isso se tornaria um problema de saúde pública, o que é extremamente preocupante. 

Em outro momento do diálogo, a personagem ainda garante que “poderia descobrir tudo sobre essa mulher”, outro erro perigoso. O coach é retratado como um manipulador, o que definitivamente não pode ser associado a esse profissional. O foco do coaching é fazer com o que o indivíduo amplie seu autoconhecimento e encontre em si mesmo as respostas que precisa para melhorar e desenvolver habilidades, sempre olhando para o presente e para o futuro. 

Em um mercado onde existem tantos pseudos profissionais e institutos, é delicado colocar em uma novela de amplitude nacional informações sem fundamento que deturpam o real significado do coaching. Imaginamos que o assunto ainda voltará nos próximos capítulos. E justamente por isso acreditamos ser importante esclarecer ao público esses pontos. 

Seguimos à disposição caso necessitem de um auxílio mais aprofundado para transmitir essas ideias à audiência de maneira mais clara e efetiva. Como uma organização de coaching séria, há mais de 15 anos no mercado, nosso único interesse é informar didaticamente o papel de um profissional da área e a metodologia. 

Atenciosamente, 

Sulivan França

Presidente da SLAC – Sociedade Latino Americana de Coaching”

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